Catálogo de Obras do Autor

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Rui Barbosa, Paulo Freire...

Sabem aquele poema do Rui Barbosa, onde lá pelas tantas ele dizia “de tanto ver triunfar as lidades, / de tanto ver prosperar a desonra, / de tanto ver crescer a injustiça...” Ei-lo, na íntegra. E, quanta tristeza! Qualquer semelhança com a realidade atual não terá sido mera coincidência!

Abraços, Simão de Miranda

Rui Barbosa, em 1914, escreveu assim:

Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo,por ter batalhado sempre pela justiça,por compactuar com a honestidade,por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia,pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos,simples e abominavelmente,a derrota das virtudes pelos vícios,a ausência da sensatez no julgamento da verdade,a negligência com a família,célula-mater da sociedade,a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo,buscando a tal "felicidade"em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir,sem despejar meu verbo,a tantas desculpas ditadaspelo orgulho e vaidade,a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido,a tantos "floreios" para justificar atos criminosos,a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar",voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço,enveredando por caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,da minha falta de garra,das minhas desilusões e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir pois amo este meu chão,vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!
De tanto ver triunfar as nulidades,de tanto ver prosperar a desonra,de tanto ver crescer a injustiça,de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,o homem chega a desanimar da virtude,a rir-se da honra,a ter vergonha de ser honesto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Inteligência não é não cometer erros, mas saber resolvê-los rapidamente”. Bertold Brecht

Anônimo disse...

esse texto não é de Ruy Barbosa. ele jamais escreveu que tinha vergonha de si mesmo.
É de alguém que se inspirou em algumas palavras de Ruy Barbosa; citou-as.
Deve ter enviado a alguns amigos. Algum deles, ao repassar, achou q ficava manêro dizer q o texto era do Ruy. Não é, te garanto!