Catálogo de Obras do Autor

sábado, 28 de julho de 2007

Vendavais

Já morri incontáveis vezes, por isso já não me assustam as voracidades de pequenos vendavais. Quantas vezes, entre mágoas e dores incontidas, conferiram meus dias, determinando meu ocaso... Já estive tão fundo no poço que nenhum mortal me convencia que o poço era raso. Para mim, na verdade, o poço sequer tinha fundo. Reergui-me, já, tantas vezes, por saber que não foi por acaso que nos foi doado o incalculável poder de estarmos sempre dispostos a recomeçar toda a história. Reerguendo-me foi que aprendi que ereta é nossa posição natural, qualquer coisa diferente disto é coisa, gente não. Quantos são os caminhos que precisamos percorrer até termos a certeza de que, outrora, estávamos certos? Todos os riscos nos cercam, todas as dores nos cercam, todas as águas. Mas é para isto que estamos aqui: para andarmos eretos.

Simão de Miranda

4 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro, parabéns pelo novo espaço. Muito bom! Merece um link permanente na sua página. Quanto ao texto, o "poço" de cada um é tão fundo quanto seu próprio medo e tão raso quanto sua determinação de sair dele. Às vezes, basta se levantar para sair daquele poço. Outras vezes precisaremos da mão de um bom amigo. Cabe a cada um, perceber o quão fundo e o quão raso é o seu próprio poço. Mas principalmente, ter a humildade para reconhecer e alcançar a mão de um bom amigo.

Anônimo disse...

VENDAVAIS é essência captada das dificuldades humanas e dos conflitos do ser, redundando, felizmente, na superação, ou seja, o ser compreendendo seu papel. Parabéns
Elias Higino

Unknown disse...

Quando a alma é região invadida por constantes vendavais, aprende-se a conviver com eles,o que nos torna seres sublimes ou qualquer outra coisa que o poeta nomear!

bjus! saudade!
Sandra Menezes

markia clara ribeiro borges disse...

Simão sou eu Janaina , professora do interior de Minas, já comprei um livro seu o o qual veio até seu autógrafo. Nunca li palavras tão lindas, e nunca caíram tão bem para mim como hoje. Já me reergui tantas vezes na vida que minha lembrança não me permite lembrar, na vida pessoal, ou como professora. Realmente somos feitos para andarmos eretos.