Catálogo de Obras do Autor

quinta-feira, 12 de julho de 2007

A ÁGUA DO POÇO DO ESQUECIMENTO



Quero dormir,

sorver a água do poço do esquecimento.

Unir as pálpebras, descansar,

imobilizar-me onde estiver:

num gramado sob a chuva

ou sob o sol a pino, relento.

Sim, quero da água do poço do esquecimento.



Deixe que passem por mim, neste momento,

todas as mulheres belas que pretendi,

o belo anelo que suspirei.

Estarei dormindo encolhido no sibilo do vento.

Dê-me a água do poço do esquecimento.



Quero que me esqueçam:

do que fui ou do que deixei de ser.

As minhas culpas protestem no cartório,

do meu legado façam uso a contento.

Já traguei da água do poço do esquecimento.



Vou sumir, fechar-me no meu apartamento

sob sete chaves, sete cobertores.

Não me liguem, não me procurem,

não me submetam a esse tormento...

Lá se foi a água do poço do esquecimento!



Simão de Miranda, do livro "Boemia Prática em 40 Lições", Brasília, Editora Thesaurus, 1993.


Um comentário:

Anônimo disse...

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