
Quero dormir,
sorver a água do poço do esquecimento.
Unir as pálpebras, descansar,
imobilizar-me onde estiver:
num gramado sob a chuva
ou sob o sol a pino, relento.
Sim, quero da água do poço do esquecimento.
Deixe que passem por mim, neste momento,
todas as mulheres belas que pretendi,
o belo anelo que suspirei.
Estarei dormindo encolhido no sibilo do vento.
Dê-me a água do poço do esquecimento.
Quero que me esqueçam:
do que fui ou do que deixei de ser.
As minhas culpas protestem no cartório,
do meu legado façam uso a contento.
Já traguei da água do poço do esquecimento.
Vou sumir, fechar-me no meu apartamento
sob sete chaves, sete cobertores.
Não me liguem, não me procurem,
não me submetam a esse tormento...
Lá se foi a água do poço do esquecimento!
Simão de Miranda, do livro "Boemia Prática em 40 Lições", Brasília, Editora Thesaurus, 1993.

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