Catálogo de Obras do Autor

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Tempus Fugit

Há um besouro incomodando-me e não consigo elucidar seu mistério. Por isso a necessidade de compartir, mesmo a contragosto (meu e seu, sei) o ruído ruim que as asas dele provocam. Em um primeiro momento pensei ser um besouro dialético. Levou-me a concluir que vivemos (não apenas você e eu, mas toda a humanidade, sabemos) sempre entre duas opções: falar e silenciar. Muitas vezes silenciamos quando falamos; assim como, silenciando, falamos. Você, o que ouve quando me ouve, seja na fala, seja no silenciar? Não durou muito tempo, passei a considerá-lo um besouro aristotélico, posto que é da natureza dele o zumbizar e nada mais se pode elucubrar. Entretanto, ele fez habitar em mim um sentimento drummoniano com suspiros de angústia enchendo o espaço: tempus fugit! Foge o tempo irreparável! Nada pode deter o tempo, nem o deus Cronos. Quando achamos que avançamos, foi ele que passou por nós. Restou-me, pois, apenas uma clareza iniludível: tempo vivido. Portanto, o tempo passado? Coisa divina e ao mesmo tempo estarrecedora: somos finitos. O hoje não é como o ontem, e o amanhã é incerto. Tempo. Temporal. Ampulheta irreversível. Mas Amado (o Jorge), há muito já alertava que era preciso viver ardentemente.
Simão de Miranda

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